Jogadores do Fluminense soltam o verbo e reacendem polêmica

Jogadores do Fluminense se posicionam contra o gramado sintético

No começo da tarde desta terça-feira, 18, um coletivo de jogadores publicou, de maneira conjunta nas redes sociais, uma nota de protesto contra o uso de gramado sintético no futebol brasileiro. Diversos jogadores do Fluminense, como Thiago Silva, PH Ganso, Jhon Arias, Germán Cano e outros, participaram da ação. Diversos atletas têm feito críticas que potencializaram o debate quanto à utilização do gramado sintético no futebol brasileiro.

Posicionamento dos atletas

Um coletivo de jogadores se pronunciou em conjunto nas redes sociais contra a utilização de gramado sintético no futebol brasileiro. O grupo, formado por nomes consagrados como Thiago Silva, do Fluminense, Neymar Jr, Coutinho, Lucas Moura, Memphis Depay, entre outros, afirma que o futebol profissional não deve ser praticado neste tipo de piso. Na nota, alegam que a “solução para um gramado ruim é um gramado bom”, rechaçando o sintético como alternativa. Ainda afirmam que isso é essencial para preservar a qualidade do espetáculo.

Confira a nota na íntegra

Preocupante ver o rumo que o futebol brasileiro está tomando. É um absurdo a gente ter que discutir gramado sintético em nossos campos.

Objetivamente, com tamanho e representatividade que tem o nosso futebol, isso não deveria nem ser uma opção. A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim.

Nas ligas mais respeitadas do mundo os jogadores são ouvidos e investimentos são feitos para assegurar a qualidade do gramado nos estádios. Trata-se de oferecer qualidade para quem joga e assiste.

Se o Brasil deseja definitivamente estar inserido como protagonista no mercado do futebol mundial, a primeira medida deveria ser exigir qualidade do piso que os atletas jogam e treinam.

FUTEBOL PROFISSIONAL NÃO SE JOGA EM GRAMADO SINTÉTICO!

#NãoaoGramadoSintético

A polêmica do gramado

O debate cresceu após clubes como Palmeiras, Botafogo e Athletico instalarem o gramado sintético nos seus estádios. Com um alegado crescimento do desempenho como mandante após a mudança, o uso foi muito criticado por torcedores adversários. Em 2016, por exemplo, o Athletico chegou a ter 80% de aproveitamento em partidas em casa. No entanto, diversos jogadores também acreditam ser ruim a utilização deste piso. Outro argumento muito forte é de que o piso artificial aumenta a incidência de lesões nos atletas.

A CBF permite a utilização no futebol brasileiro, mas após o crescimento das críticas implementou novas regras. Atualmente, durante o Brasileirão, os clubes que utilizam gramado artificial nos seus estádios são obrigados a permitir que a equipe visitante realize um treino no local um dia antes do jogo.

Protestos pelo mundo

A discussão sobre o tema não é exclusividade do Brasil, sendo muito forte em solo europeu. Em virtude de uma forte pressão do sindicato dos jogadores, o campeonato holandês (Eredivisie), por exemplo, já anunciou a proibição de gramados 100% sintéticos a partir da temporada 2025/2026. A utilização de uma grama híbrida (mistura de plantas sintéticas e naturais), por outro lado, é permitida. Pesquisadores do país realizaram um estudo que concluiu que o uso de borracha reciclada nos campos liberam uma quantidade excessiva de substâncias cancerígenas, levando, assim, a um risco maior para os atletas.

Lionel Messi é um dos atletas que é contrário ao uso do gramado. De acordo com o jornal Sportico, o astro colocou não atuar em piso artificial como condição para acertar sua ida ao Inter Miami, da MLS. Similarmente, Luis Suárez, ao longo de sua passagem pelo Grêmio, também afirmou publicamente evitar confrontos neste tipo de gramado .

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Argumentos favoráveis ao sintético

O principal argumento dado por aqueles que defendem o uso do gramado sintético é a melhor qualidade no piso. No Brasil, não é incomum vermos partidas realizadas em gramados prejudicados. Portanto, a grama sintética seria uma maneira mais prática e mais barata de garantir pisos de melhor qualidade.

Utilizando gramado artificial desde 2020, o Palmeiras é, atualmente, um dos maiores defensores do campo sintético no futebol brasileiro. Após a manifestação dos atletas, o clube publicou uma nota oficial a fim de rebater e esclarecer algumas questões.

Confira a nota na íntegra

Diante da publicação realizada conjuntamente por alguns jogadores contra a utilização de gramados artificiais no futebol brasileiro, a Sociedade Esportiva Palmeiras esclarece que:

– O campo sintético do Allianz Parque é certificado pela Fifa, que realiza inspeções anuais desde a sua implementação, em 2020, a fim de aferir que o piso siga os mesmos parâmetros de um campo de grama natural em perfeito estado;

– Não há qualquer comprovação científica de que o risco de lesão em campos artificiais seja maior do que em campos naturais. Pelo contrário: recente estudo publicado pela revista “The Lancet Discovery Science” aponta que a incidência de contusões em jogos de futebol disputados em gramados artificiais é inferior à de lesões em campos naturais;

– Diferentes levantamentos realizados por veículos de imprensa mostram que o Palmeiras, ao longo dos últimos cinco anos, é o clube da Série A do Campeonato Brasileiro com menor número de lesões;

– O clube respeita a opinião dos atletas que manifestaram preferência por campos de grama natural e considera urgente o debate sobre a qualidade dos gramados do futebol brasileiro; este problema, contudo, não será solucionado com críticas rasas e sem base científica.

O posicionamento do Fluminense

O Fluminense é um dos clubes que se posiciona de maneira mais veemente no sentido contrário à utilização de gramados artificiais no Brasil. Nos últimos anos, o Flu, com certa frequência, optou por poupar atletas de idade mais elevada ou com maior predisposição a lesões de joelho em partidas no sintético.

Publicamente, o Presidente Mário Bittencourt se manifestou diversas vezes de maneira contrária ao uso do gramado sintético. Em janeiro de 2024, por exemplo, em entrevista coletiva, ele criticou os campos artificiais e alfinetou o Botafogo, que possui grama sintética no seu estádio:

– Tem time que estava na liderança do campeonato, tirou do gramado sintético para receber show, colocou em gramado natural e perdeu o jogo. O próprio técnico do Grêmio disse que, se fosse em gramado sintético, o Suárez não jogaria.

Em março de 2024, o Fluminense, junto com a Federação Nacional dos Atletas de Futebol (Fenapaf), protocolou uma pauta em reunião com a CBF solicitando a proibição de gramados sintéticos no futebol brasileiro. Naquela altura, a entidade máxima do futebol brasileiro convocou uma Comissão de Médicos a fim de debater o tema com a Comissão Nacional de Clubes. John Textor, dono do Botafogo, em entrevista ao GE, criticou o posicionamento do Tricolor e da Fenapaf:

– Não critiquem nossa tentativa de tentar algo mais seguro para os jogadores. Vamos falar de elevar o nível. Querem ir para grama natural? Devemos formar a liga, oficializar um padrão, pagar e treinar árbitros. Vamos em frente. Vamos todos pagar 1.3 milhão de dólares (R$ 6,4 milhões) em cada campo, é isso que custa na Premier League. O Brasil merece a qualidade dos melhores lugares do mundo, futebol é bom como em qualquer lugar do mundo. Isso pode impactar nossos shows, mas arrumaremos um jeito. Se quiserem ir para a grama natural no ano que vem, nós iremos. Não enganem, não jogaremos em campo de bezerro, não faz bem aos jogadores.

E o futuro?

Os clubes, dentre eles o Fluminense, e o jogadores pressionam pelo veto ao gramado sintético. Nos próximos dias, haverá a reunião do conselho técnico da CBF, onde os clubes debatem os itens do regulamento do Brasileirão. De acordo com o UOL, a entidade “já soltou uma versão do documento”, mas pode ser alterá-lo até um mês antes do começo da competição. Desse modo, a alteração teria que ocorrer em até 10 dias, visto que o campeonato inicia em 29 de março. O Conselho de Médicos da CBF, por outro lado, entende que os estudos sobre o tema não são conclusivos.

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